sexta-feira, 26 de junho de 2015

CAPÍTULO 19 - "LOVE IS A FUNNY THING..."





No capítulo anterior:

Será que ele não queria estar a dormir com a minha irmã? Será que ele achava que a nossa relação não era assim tão séria e importante? Não, isso não podia ser verdade, não depois de ele me ter contado aquele segredo…

 

 

            - Vá lá, Pê, eu quero… - Pedinchou a Madalena.

            - Eu não incomodo? – Questionou olhando nos meus olhos. Ele estava com receio daquilo que eu pudesse pensar?! Não acredito… Olhei para ele, quase suplicando para que ele aceitasse, o meu dia corria muito melhor quando eu acordava ao lado dele. E eu sabia que ele me compreenderia perfeitamente (pelo menos, eu esperava não estar errada). – Então, se não houver ninguém contra, eu fico.

            No seu rosto surgiu um sorriso quando ouvi os pequeninos a festejar com a resposta dele, percebi que ninguém reclamaria por ele ficar, pelo contrário, todos o queriam lá. Todos gostavam do meu namorado e o aprovavam, todos queriam que eu fosse feliz e sabiam que a minha felicidade dependia dela. Senti um sorriso de apaixonada formar-se nos meus lábios, tudo estava a correr bem na minha vida, encontrei “o tal” e a minha família apoia-me totalmente, até parecia mentira…

 

            O tempo voa e a semana dos gémeos em Lisboa estava a terminar, muito infelizmente. Quer dizer, é verdade que dá muito mais trabalho ter que tomar conta de duas pestinhas e cumprir a rotina diária toda normalmente, mas é muito compensatório, podemos matar saudades e vi constantemente sorrisos naqueles rostinhos pequenos. A capital já era uma segunda casa para eles e eu queria repetir esta experiência de tê-los comigo muito mais vezes.

            Era sábado e, como o meu turno era para trabalhar no jogo desse dia do Benfica, eu tinha de estar perto do relvado, caso fosse necessário alguma intervenção de fisioterapia nalgum jogador, o que há sempre, nem que fosse umas belas das massagens ou aconselhamento de exercícios para aquecimento... Assim, eu pedi aos meus pais para eles virem assistir à partida e, no final dessa, já voltavam para casa com os meus irmãos, retirando várias preocupações (como, por exemplo, onde e com quem deixar as crianças durante o jogo, como tratar do regresso delas ao Porto, entre outras). O pior de tudo são as despedidas, essas são sempre horríveis. Ainda por cima quando há família com pouca idade envolvida, a distância é sempre terrível. Eu vi o meu casal de loirinhos chorarem imenso agarrados a mim e mais tarde no carro, partiu-me o coração em mil bocadinhos, mas eu tive que ser “a mana forte” à frente deles. Eu só tinha de ter cuidado para não permitir que esta distância pudesse prejudicar a nossa relação, eu tinha de me fazer presente de outras formas, não podia ser a irmã mais velha ausente e desinteressada nos irmãos pequenos.

Conclusão, ao chegar a casa, eu virei algo pior que uma Maria Madalena, chorei até não aguentar mais. O Pedro nunca saiu do meu lado, ofereceu-me o seu ombro para eu chorar, para depois tentar distrair-me com beijos, carinhos, muito amor, cócegas, até que para descontrairmos decidimos ver um filme que estava a dar. Felizmente, o filme era um dos que eu mais gosto, “Friends with Benefits”, perfeito para aquela altura. Enquanto víamos aquele filme, deu para namorar e rir imenso, deu para esquecer tudo à nossa volta e eu amei aqueles momentos com ele.

 

@pedrorebocho23: “Can I lay by your side?

Next to you, you

And make sure you’re alright

I’ll take care of you”

 

            O Pedro foi incansável comigo e pudemos voltar a dormir os dois sozinhos e agarradinhos. Eu sabia que ele estava muito cansado, ter passado a semana sempre de um lado para o outro a ajudar-me, estar com 90 minutos de um jogo nas pernas e ainda tomar conta de mim carente e triste não era fácil para ninguém, portanto não me surpreendi quando ele adormeceu enquanto lhe fazia carinho no cabelo na sua posição preferida para dormir, em cima de mim com a cabeça no meu peito (segundo ele, é a melhor almofada do mundo).


@inescorreia: Será possível que eu já estou a morrer de saudades? :’(

Meus babys <3

 

            Eu fiquei a admirar a tranquilidade do Pedro a dormir durante bastante tempo, isso só me fazia sorrir e ter a certeza que é com ele que eu tenho de estar. Os pensamentos andavam a mil na minha cabeça… Eu nunca imaginei que seria possível eu ter um relacionamento equilibrado como este se estava a mostrar. Isso me traz alguns receios, nomeadamente as reações do Pedro ao conhecer “amigos” meus, pessoas do meu passado… O pior será se ele conhecer pessoas de uma fase que tive e que não me orgulho em nada…

 

Adoro dormir e odeio que me acordem, isso é um facto. Outro facto é que eu tenho um péssimo humor quando me acordam de manhã, normalmente preciso de uns minutinhos para me “tranquilizar” e melhorar o meu humor… Eu lembro-me de ser assim desde sempre, a minha mãe diz que quando eu era pequena, ela acordava-me e deixava-me estar um bocado na cama, só depois disso é que me tentava despachar para a escola. A realidade é que lidar comigo é uma tarefa terrivelmente difícil, nem eu sei se conseguiria aturar alguém com o meu feitio.

Mas, pelos vistos, existe uma exceção (o ditado está certo: “Não há regra sem exceção”), a verdade é quando ele me acordava daquele jeitinho meigo e amoroso, tudo corria bem… Hoje fui sortuda e foi um desses dias, é domingo e eu só sinto uns beijos pelo meu rosto, uns lábios suaves e uma pequena barba que me faz cócegas. Ainda tentei fingir que continuava a dormir, quem é que não gosta de ser mimada? Infelizmente, de nada adiantou, ele percebeu…

- Bom dia, pequena! Eu sei que já estás acordada… - Murmurou entre risos com a voz meio rouca de quem acabou de acordar. Ui que sexy! Automaticamente visualizei a minha deusa interior de perna cruzada e pastilha na boca a abanar-se toda com um leque e a dizer: “Mas que homem é este, meu Deus?”. É verdade, aquele homem conseguia levar-me à loucura com um simples toque, com a voz dele, com um pequeno gesto… Ele é a minha perdição, o meu pedaço de mau caminho, meu protetor, meu herói, minha perdição. Aquele pensamento fez-me gargalhar e sussurrar, ainda de olhos fechados:

- Bom dia, grandalhão! Estou tão bem aqui, diz-me que vamos ter um domingo passado na cama bem juntinhos… - Acabei por soltar um pequeno gemido, só de imaginar.

- Nem pensar, pequena… O dia está lindo! Agora, levanta dessa cama, vamos comer e aproveitar o solinho para estarmos ao ar livre um pouco os dois juntos! – Senhoras e senhores, apresento-vos uma das milhares de facetas do meu namorado que me deixa doida, ele todo mandão e brincalhão.

- Já vou, amor… - Levantei-me da cama lentamente, rumando para a casa de banho e seguir as ordens do boy. Assim que me ponho de pé, eu só sinto uma palmada no rabo, seguida de um apalpão firme. – Então, fofo? Isto não é do povo…

- É claro que não é do povo, é só meu! – Afirmou com aquele tom de voz possessivo. – Amor, a sério, tu não tens noção… Eu adoro mesmo o teu rabo! – Afirmou mordendo o lábio e vindo atrás de mim. Abraçou-me pelas costas e fomos nos arranjar.

           

            Estávamos na relvinha à beira da piscina do meu prédio, descontraídos, e eu decidi dar uma vista de olhos no feed do instagram e me deparo com uma publicação que me fez gritar:

            - Pequena, o que é que se passa? – Perguntou o Pedro assustado a olhar para mim.

            - Olha o que o meu primo publicou há pouquinho – Dito isto, estiquei o telemóvel e mostrei-lhe:

 

@franciscocorreia32: “Cause, girl, you’re amazing

Just the way you are” <3

 

            Ele olhou para o ecrã do meu telemóvel e começou a rir, como se eu fosse alguma louca pela maneira como reagi àquilo…

            - O que é que tem? – Perguntou, como se aquilo fosse a coisa mais comum no mundo.

            - Amor, tu não estás a reconhecer quem é ela?

- Só sei que nós és tu. Desde que te vi pela primeira vez, eu já não tenho olhos para mais ninguém – Confessou, recebendo um beijo meu em troca por aquela fofura toda.

- Mas eu digo-te, com toda a certeza do mundo, é a minha melhor amiga, é a Di… - Respondi com um enorme sorriso no rosto. – Sabes o que é que isto significa? O meu primo nunca publicaria algo nas redes sociais, com uma legenda destas, se não fosse algo importante para ele, acredita… Eu conheço o meu primo e isto só significa que eles têm algo mais que amizade, como eu desconfiava…

            - E isso é bom sinal? – Questionou, meio que receoso.

            - É ótimo, eles são duas pessoas maravilhosas e merecem-se, sem dúvida. Ai, estou tão feliz! – Gritei e as poucas pessoas que passavam por ali olhavam para mim do tipo “ela está louca”, but who cares? I’m happy! – Podes nem perceber muito bem, mas eu preocupo-me com o meu primo como se ele fosse o irmão mais velho que eu nunca tive, sempre assim foi… Não quero que ele sofra outra vez, porque alguém só estava com ele, por causa da profissão ou do dinheiro ou da fama. Ele merece ter uma relação amorosa saudável e verdadeira. Por outro lado, é óbvio que também me preocupo imenso com a minha melhor amiga. Mesmo que entre aqueles dois não dê certo, pelo menos, tentaram e não era algo cheio de mentiras…

            A minha deusa interior fazia uma pequena festa a dançar com duas maracas nas mãos, o que era hilariante. Ela mexia-se que nem uma louca, abanava a cintura e as mãos sem parar e eu mentalmente acompanhava-a em todos os movimentos… Ouvi a voz do meu namorado a pedir para tirarmos fotos juntos, apesar de a minha vontade não ser muita, eu fiz o que ele me pediu. Tiramos imensas fotos e eu pedi para publicar uma delas… O que me surpreendeu foi ele deixar a minha escolha, ser totalmente livre, podia ser das fotos em que trocamos beijos amorosos, ou das que não se percebe bem que somos nós… Então eu não resisti em lhe fazer uma pergunta:

            - Pedro, sê sincero comigo, tu queres mesmo que todos saibam que nós namoramos?

            - Isso não é segredo para ninguém, achava que tu sabias isso… Eu percebo o teu lado, acredita, mas eu preciso que todos saibam que tu és minha, que não há Oliver ou nenhum outro que te tenha, só eu. Podes achar que é mesmo, ou que sou possessivo demais, mas eu quero que percebam que mais ninguém pode ter nada contigo, só eu!

            - Por acaso, essa necessidade toda agravou depois do jogo do fim-de-semana? Ainda não falamos sobre esse assunto e temos de fazê-lo… Eu quero saber o que é que aconteceu no jogo.

            A muito custo consegui arrancar as palavras que foram trocadas, eu precisava que fosse o meu namorado a contar-me tudo, e confesso que fiquei um bocado surpreendida.

            - O Oli atirou-te à cara que nós tínhamos estado juntos? – Perguntei meio que chocada.

            - E deu a entender que havia bastante rotina nisso… Inês, eu não sei o que se passou entre vocês e eu vou dar em louco a pensar o que vocês podem ter feito.

            - Eu passei por fases menos boas, nomeadamente houve uma altura que eu precisava de sentir que gostavam de mim, que se interessavam por mim, nem que fosse apenas fisicamente. A dança fez-me ser um pouco mais atrevida nesse aspeto e eu criei um grupo de amigos na noite. Basicamente só nos encontrávamos à noite no bar, não nos metíamos muito na vida uns dos outros e era bem simples… O Oliver fazia parte desse grupo. Ele sempre demonstrou interesse especial em mim e eu achava-o engraçado. De vez em quando trocávamos uns beijos e, muito raramente, a noite acabava em sexo… Não por falta de iniciativa e vontade dele, mas eu não queria… Pedro, a nossa relação é muito física e eu não escondo que adoro fazer amor contigo, apenas porque é contigo, eu não sou nenhuma ninfomaníaca. Eu não queria que o meu passado te viesse atormentar… Eu não vou mentir, o Oli não era o meu único amigo colorido da noite… - Confessei olhando-o nos olhos. O passado não podia estragar o que nós tínhamos, eu não ia deixar.

            - Então vocês não namoraram? Nem passavam imensas noites juntos numa cama? – Perguntou o Pedro para confirmar se era mesmo verdade.

            - Não, desde que estou contigo tenho mais sexo que no último ano… - Murmurei com a língua de fora, para logo receber aquele sorrisão como resposta e um beijo apaixonado.

 

@inescorreia: “So don’t you worry, baby you got me
I got a bad boy, I must admit it
You got my heart don’t know how you did it
I don’t care who sees it babe
I don’t wanna hide the way I feel when you’re next to me
I love the way you make me feel
I love it, I love it” <3 @pedrorebocho23

 

            Não preciso dizer que o Pedro delirou no facto de eu assumir nas redes sociais que estamos juntos, certo? E para demonstrar a felicidade dele, nas horas seguintes fomos só nós os dois na cama do meu quarto, para acabar o fim-de-semana na perfeição…

 

            Segunda-feira de manhã tem sempre aquela pequena confusão na parte da fisioterapia, depois do jogo temos de dar uma vista de olhos nos jogadores que apresentam algumas queixas e, se necessário intervir, sem deixar que possam agravar alguma lesão. Estava tão concentrada no trabalho que nem dei pelo passar das horas e só acordei para a realidade quando vejo a Diana ao meu lado a dizer que tínhamos de ir almoçar.

            O almoço foi recheado de conversa, desde assuntos como a meteorologia, roupa, futebol, até que eu decido tocar no assunto que eu mais queria falar e fui direita a ele:

            - Di, o que é que há entre ti e o meu primo?
 
 
 
Olá! Aqui está o 19º capítulo, espero que gostem...
Deixem as vossas opiniões, por favor, nem que seja um "Continua" ou um "Stop, não publiques mais". Obrigada às 3 meninas que comentaram no blog e no facebook, é bom ter algum apoio.
Quem quiser que eu indique o blog, já sabe: Deixa no comentário algo do género "Indica *linkdoblog*" e eu no próximo capítulo faço a pequena "publicidade"...
Obrigada por continuarem a ler!
Até breve!
 
Beijinhos,
Rita B.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

CAPÍTULO 18 - "LOVE IS A FUNNY THING..."


No capítulo anterior:

Naquele momento, ao ver o quanto os meus irmãos sentiam a minha falta e sofriam com a minha ausência, o meu coração mirrou como uma passa seca. Por um lado, eu também preferia estar no Porto, pertinho deles. Mas, e o Pedro? Eu não sobrevivia afastada dele, eu dependo dele, eu vivo por ele… A vida é complicada e há sempre escolhas difíceis que temos de fazer, sem dúvida que esta é uma delas para mim…

 

 

            O dia foi passado todo em família e à noite seguimos todos juntos para o estádio do Dragão assistir ao clássico. O Pedro e o Francisco tinham arranjado bilhetes VIP para nós, assim evitávamos muita confusão com as crianças, o que era ótimo. Eu estava muito nervosa, sentia um pequeno mau pressentimento, nada de extraordinário, mas tendo em conta o jogo de hoje, tinha algum receio… Desde que entrou em campo, o Pedro já espreitou várias vezes para o meu lugar e sorria sempre, o que originou bocas da parte dos meus pais. O jogo começou e o meu coração batia a um ritmo bem acelerado. Só se ouvia gritos e cânticos de ambos os lados, tanto Benfiquistas como Portistas estavam em grande peso naquele estádio. Os minutos iam passando, sem grandes problemas em campo, até que numa jogada em que o Oliver ia a correr no ataque, vejo o Pedro a tirar a bola duma forma espetacular. Claro que ouve gritos de contentamento dos benfiquistas e de protesto dos portistas. O Oliver estava no chão a tentar fazer-se à falta e ao aperceber-se que o árbitro não ia assinalar nada, levantou-se e empurrou o Pedro. O que eu mais temia ia começar, uma discussão entre aqueles dois…

 

(PEDRO)

            O jogo estava a correr bastante bem, relativamente pacífico para um clássico entre as duas melhores equipas portuguesas. Eu sabia que a Inês estava ali a ver-me com a sua família e isso transmitia-me apoio e paz, dava-me mais força… Não é para me gabar, mas eu estava a jogar muito bem, concentrado e empenhado, tinha de fazer boa figura com os meus sogrinhos e cunhaditos no estádio. Até que numa jogada perto do meio campo, eu vi o idiota do espanhol (que se diz amiguinho da minha namorado) a correr com a bola, então resolvi pará-lo. Eu saquei-lhe a bola de forma limpinha e não tinha como negar, sentia-me feliz por isso… Ele bem que tentou fazer as fitas típicas dele para ver se conseguia falta, mas foi em vão. Óbvio que eu não me controlei e ri-me na cara dele.



            - Oh cabrón! Estás a rir-te de quê? – Gritou o palhaço ao chegar perto de mim.

            - És um péssimo ator, sabias? Nem o árbitro caiu na tua atuação…

            - É, engraçado, mas a Inês bem que adorava as minhas “atuações” com ela, ela nunca me largava, sempre queria mais… - Sorriu ironicamente. Agora sim ele jogou pesado, quem é ele para falar da minha namorada?

            - Lava a boca antes de falares da Inês, ouviste? Tu não és ninguém na vida dela, tu és um passado que ela deixou para trás… Bastou eu pedir uma vez e ela foi logo comigo para Lisboa. Não achas que se fosses realmente importante, ela não tinha logo tentado arranjar forma de estar contigo, uma vez que ela está hoje no Porto? - Afirmei apontando-lhe o dedo, tentando controlar-me. Ele queria arranjar problemas em pleno jogo? Não podia permitir que ele me prejudicasse… Além disso, aposto que a minha namorada me vai dar na cabeça se houver bronca. – Mas, em vez disso, ela vai voltar cedo para Lisboa, para estar com o namorado dela que sou eu. Eu tenho o que tu sempre quiseste, a Inês…

            O espanhol percebeu que eu estava a picar e aproximou-se muito de mim. Como eu queria mostrar-lhe que ele não passava a perna por cima de mim, fingi que ele me tinha mandado uma pancada com a cabeça e o peito. Percebi que devo ser muito bom ator, porque o árbitro que vinha atrás de mim deu cartão amarelo a Oliver Torres e a mim nada… Eu estava a entrar numa guerra que podia acabar muito mal, mas ele não iria sair impune depois de andar a falar da mulher da minha vida…



 

(INÊS)

            Se já havia barulho no estádio, esse aumentou ainda mais… Os portistas protestavam contra a decisão do árbitro e os benfiquistas davam apoio ao Pedro. O treinador da equipa da casa já estava a barafustar por todo o lado e eu tinha receio da confusão que se começava a instalar. Eu senti o olhar do Pedro em mim, mesmo antes de direcionar os meus olhos para ele. Percebi que ele estava com receio da minha reação e precisava que eu transmitisse a força e tranquilidade para ele conseguir continuar no jogo. Eu tinha noção que as palavras trocadas entre o Pedro e o Oliver tinham sido sobre mim, mas não sabia o quê em concreto e tinha receio em saber… O Pedro encenou aquela falta, porém isso era uma resposta a algo que o Oli tinha feito. Eu não precisava de saber muitos pormenores, pois conhecendo o Pedro, como eu conheço, tinha uma pequena ideia do ocorrido. Eu reprovei aquela situação toda na troca de olhares com o meu namorado e, pela sua cara, ele tinha recebido a mensagem… Todavia quando ele me piscou o olho, eu mandei-lhe um beijo, mostrando que eu estaria sempre do lado dele, independentemente da situação.

            - Mana, o Pê e o Oli não xão amigox? – Perguntou a Mada para mim.

            - Achas? Mada, os dois gostam da mana… - Respondeu, como se fosse muito óbvio o meu irmão.

            O Mateus compreendia à maneira dele a situação, ele via o Pedro como meu namorado e o Oliver o ex que se estava a meter, o que era quase isso… Eu sentia falta disto, de ficar surpreendida com o que estes meninos já conseguiam perceber tão rapidamente e cheia de vontade de rir. Eu tinha de arranjar uma forma de matar saudades, porque estas poucas horinhas do dia de hoje com eles não chegam…

            O jogo continuava sem grandes problemas, com uns pequenos picanços, nada de extraordinário. O intervalo já tinha passado e o jogo estava empatado a 0. Mesmo nos últimos minutos da segunda parte, o jogo a chegar o fim e o Benfica ganhou um livre, o que poderia ser a última chance de golo do jogo. O árbitro apitou e só vejo a bola a ir na direção à área onde estavam alguns jogadores, o Pedro saltou mais que os outros, cabeceia e GOLOOOO!



A festa foi vermelha, tudo a saltar e gritar, incluindo os meus irmãos que estavam em pulgas. O meu homem tinha trazido a vitória para este jogo tão difícil, exigente e importante. Eu vejo os meus dois jogadores a abraçarem-se, o que me fez sorrir ainda mais, é tão bom ver aquela amizade fantástica entre o meu primo e o meu namorado. De seguida, o Pedro correu que nem louco na minha direção, fez um coração com as mãos e atirou-me um beijo. Aquela demonstração de amor, o golo dele, aquela festa toda era muita emoção para mim e eu fiquei com os olhinhos cheios de lágrimas rapidamente, respondendo apenas um “Amo-te” silencioso, mas eu tinha a certeza que ele tinha percebido. Logo o árbitro apita e o jogo deu por terminado. Muita festa se seguiu no estádio, nas redes sociais, na rua…

 

            Já estava acomodada no apartamento do meu primo com os meus irmãos, eles iam passar ali uma semana comigo para matar saudades. Não tinha sido nada fácil convencer a minha mãe, mas com muita insistência minha, dos gémeos e do meu primo, eu consegui! Eles iam dormir comigo na minha cama, todos juntinhos. Antes de dormir, publiquei no vício uma foto que tirei deles fofinhos adormecidos.

 

@inescorreia: Boa noite para mim que tenho companhia duplamente especial…

 

            Segunda-feira começou com a correria do costume, com uma pequena agravante é que eu agora tinha duas crianças comigo. A minha sorte era eles já serem muito autónomos e logo nos despachamos com o Kiko rumo ao Seixal. Pelo caminho já tinha combinado com o meu primo, se houvesse algum problema deles ficarem comigo na sala da fisioterapia, eles ficavam a assistir na bancada ao treino da equipa. Era arriscado? Um pouco, mas eles compensavam qualquer risco e stress… Se hoje não desse certo, eu teria que arranjar solução para o resto da semana, mas eles iriam ficar comigo.

            - Bom dia, campeão! – Cumprimentei o Pedro que tinha chegado ao mesmo tempo que eu, os meus irmão e o meu primo.

            - Bom dia, pequenino! – Respondeu, dando um beijo demorado na minha bochecha. – Bom dia, Mada! Bom dia, Teus! – Cumprimentou agachado à frente dos meus irmãos.

            - Pedo, nóx vamox ficar com a mana aqui, sabiax? – Perguntou a Mada toda entusiasmada.

            - Que bom! Pode ser que a Inês mate todas as saudades de vocês… Posso contar-vos um segredo? Não podem contar a ninguém – Falou ligeiramente mais baixo o meu namorado para os pequeninos – Mas a vossa irmã chorava várias vezes à noite, antes de dormir, porque sentia a vossa falta. Ela adora-vos!

            - A sério? – Perguntou o Teus de boca aberta, admirado.

            Não era totalmente verdade, eu não tinha chorado imenso, mas eu morria de saudades deles e com a descrição do Pedro era uma forma deles perceberem isso. O mais engraçado é que eu não tinha dito nada a ele, mas ele sabia, ele conhecia-me demasiado bem…

            Seguimos todos juntos para dentro do centro de treinos e, por experiência, deixaram-me ficar com os dois meninos na salinha da fisioterapia. Eu arranjei um cantinho perto de mim para eles, onde poderiam espalhar os brinquedos deles e estar mais à vontade, sem me atrapalhar em nada, eles ficaram ali a ver desenhos animados, a pintar e a comer bem sossegadinhos… O que se tornou perfeito! Eu sabia que, em princípio, tudo correria bem, eles podem ser muito traquinas e irrequietos (algo típico da idade deles), mas também se entretinham os dois bem facilmente. Além disso, bastou-me dizer-lhes que só assim eles poderiam passar o dia todo comigo, então eles perceberam que tinham de se comportar a sério… Todos que trabalhavam comigo ficaram a pensar que eles eram dois anjinhos, sossegadinhos (nem sabiam o quão errados eles estavam, enfim…).

 

@inescorreia: Muito entretidos no trabalho da Nenê…

 

            Eles apenas saíam do mundinho das brincadeiras deles, quando viam algum jogador a entrar. Aí ficavam muito sérios e atentos a olhar. Para eles, mesmo tendo um primo jogador profissional, era novidade estarem tão perto de tantos “jogadores da bola”, portanto ficavam todos fofos perto dos famosos. O ponto alto da confusão foi quando o Rúben Amorim apareceu por lá para eu dar uma vista de olhos na coxa dele (massagem e assim) e como eles já conheciam o “tio Rú” não paravam de meter conversa com ele, só queriam festa. Aí sim tornou-se complicado, eram três crianças para eu tentar sossegar… Se já era uma tarefa e tanto com os meus dois gémeos, imaginem com a criança-mor, vulgo Rúben Amorim. Mas eu venci e tudo correu muito bem! Ou seja, eu podia voltar a levá-los para lá…

           

            À tarde, eu fui para o ginásio (mais especificamente para a aula de dança que eu tinha para dar) com a minha menina e os três homenzinhos (o Mateus, o Francisco e o Pedro) ficaram em casa a jogar playstation. O Mateus entrou em delírio por poder jogar jogos de vídeo durante a semana, era algo que estava proibido a fazer em casa (regras da minha mãe). As mulheres iam para a dança, os homens ficavam a jogar em casa, tão assustadoramente típico.

            Enquanto eu dançava com o meu grupo, eu apercebia-me da minha irmã no cantinho dela a tentar imitar-nos, o que foi motivo de risada e uma ideia genial para a atuação desta semana surgiu. Ela podia dançar connosco desta vez, ela está por Lisboa e gosta disto, portanto não havia motivos para não o fazer… De certeza que iria ser diferente, original e a Madalena iria amar. Todos pareceram apoiar a minha ideia e fomos pôr o plano em prática, começamos a pensar na coreografia para nós e para a minha pulguinha elétrica.

 

@inescorreia: Dançarina por uma semana? Siga treinar!

 

            A terça-feira passou a uma velocidade assustadora, com direito a um jantar especial feito por mim e pelas crianças, reviver os meus tempos na cidade invicta. Eles queriam fazer piza e bolinhos e eu achei uma ideia divertida e muito engraçada. Eu queria marcar a estadia deles na capital com atividades diferentes do que eles fariam se estivessem em casa com os meus pais e que os alegrasse muito, a semana comigo tinha de ser perfeita. A cozinha ficou um caos, eu e os meus irmãos tínhamos farinha por todo o lado, mas gargalhadas foi algo que não faltou com toda a certeza. Esta era a minha forma de recompensa-los pela minha permanente ausência. O Pedro e o Francisco quando chegaram ao apartamento, depararam-se com a nossa brincadeira e sujeira total, juntando-se depois a nós…

 

@franciscocorreia32: Foi por isto que vieram para Lisboa, meus cozinheiros…

 

 

            - Oh meu Deus, as pizas estão fantásticas… Uma delícia! – Gritou o meu primo enquanto comia.

            - Kiko, não sejas porco! Olha o exemplo que estás a dar aos gémeos, falar de boca cheia… - Reclamei, revirando os olhos, ao que recebi como resposta uma língua de fora daquela “criança grande”.

            - E tu, Pê, gostas? – Perguntou a Madalena cheia de esperança.

            - Sim, adoro! Acho que deviam ficar aqui mais tempo… - Brincou o meu namorado.

            - Estás a reclamar da minha comida, Pedro Miguel? – Perguntei, fingindo chateada.

            - Nunca, pequena. Sabes que adoro tudo o que tu fazes… - E pisca-me o olho. É nestes momentos que eu me pergunto: Como é que eu consigo resistir a tanta perfeição junta? Não consigo, simples…

            - Amo-te! – Murmurei beijando-o com amor.

            Desta vez, o Mateus foi o primeiro a protestar por assistir àquela pequena demonstração de afeto, tal e qual o meu primo, homens… Em contrapartida, a minha princesa ficou com os olhinhos a brilhar para nós. E isso era ótimo, era sinal que ela aprovava mesmo o meu namoro. A verdade é que eu já sentia falta de estar com o Pedro, já não dormia agarradinha com ele há uns dois dias e mal estava a aguentar, ele já era essencial para mim, estar com ele era vital para a minha sanidade mental e agora tínhamos de estar mais afastados que o nosso normal… Eu queria sentir o calor do corpo do meu namorado, queria-o mais perto de mim… Eu estava demasiado carente, justificação? As minhas fiéis e adoráveis companheiras hormonas tinham dado sinal, devido àquela altura do mês. Sempre fui demasiado hormonal e desde que namoro com o Pedro, sinto-me ainda mais carente. Estes pensamentos deixaram-me meio que em baixo e eu não conseguia tirar os olhos daquele homem. Ele percebeu isso, apertou a minha mão por cima da mesa (visto que ele estava à minha frente) e interrogou-me com o olhar. Eu estava apenas a olhar para ele, fixamente, que nem me apercebi quando o meu primo começou a falar:

            - Piolho, hoje queres dormir comigo? Como fazíamos quando eu ia visitar-vos a casa? – Questionou o meu primo ao meu irmão. – E a princesinha podia dormir com a mana e o Pê…

            - Eu não acho uma ideia, eu daqui a pouco já vou embora… - Confessou o Pedro.

            Será que ele não queria estar a dormir com a minha irmã? Será que ele achava que a nossa relação não era assim tão séria e importante? Não, isso não podia ser verdade, não depois de ele me ter contado aquele segredo…




Aqui fica mais um capitulozito...
Por favor, quem lê a fic, deixe algum comment, nem que seja apenas um "Continua" ou um "Já chega! Desiste da história". Sei que é um bocado chato eu estar a pedir-vos isto, mas eu gostava mesmo de saber quantos é que querem que eu realmente continue.
Se quiserem, peçam-me e eu "indico" no final do próximo capítulo os vossos blogs...
Enfim, até breve!
Beijinhos,
Rita B.
PS: Desculpem o capítulo estar "meio bostinha" mas, devido a umas coisas que me aconteceram, a vontade de escrever uma fic do Pedro Rebocho, já não é a mesma... Portanto, se querem que eu continue, digam-mo por favor (em comentário, mensagem privada, etc.) 


quarta-feira, 10 de junho de 2015

CAPÍTULO 17 - "LOVE IS A FUNNY THING..."


No capítulo anterior:

- Os médicos e os meus pais decidiram começarem a fazer uma pequena reabilitação para mim e deixarem isto nos segredos deuses. Nenhum amigo meu soube disto, nenhum professor soube, nenhuma namorada… Só os meus pais e os médicos e agora tu também. – Disse baixinho sorrindo, tenuemente. – Espero que não decidas afastar-te de mim, ao saberes este podre meu…

 

- Porque é que decidiste contar-me? – Perguntei em surdina.

            - Porque tu és tudo para mim, Amo-te como nunca achei possível amar, já não me vejo sem ti… Tu és o ar que respiro, és o motivo do meu sorriso, é por ti que acordo todas as manhãs… Eu enfrento qualquer coisa neste mundo se te tiver comigo, pequena!

            Os meus olhos logo se encheram de lágrimas, ele é “O Tal”… Como sempre, as palavras faltam-me e só vi uma forma de expressar o que sinto, através da música. Levantei-me lentamente da cama, ao que ele me imitou, agarrando-me o pulso.

            - Espera, por favor… - Pedi, com os olhos fixos nos dele. Ele estava apavorado, com medo que eu fugisse. – Eu estou aqui, Don’t worry, my little player.

            Sabia que atrás da porta do quarto dele, bem escondida estava uma velha guitarra, fui buscá-la e voltei para perto do Pedro. Cantei e toquei com muito amor um pequeno cover, a minha tentativa de demonstrar que não vivo sem ele… Eu sou terrível com as palavras e a música torna-se uma das minhas bases de expressão. Portanto, cantei:

 
 
Your hand fits in mine
Like it's made just for me
But bear this in mind
It was meant to be
And I'm joining up the dots
With the freckles on your cheeks
And it all makes sense to me

I know you've never loved
The crinkles by your eyes
When you smile
You've never loved
Your stomach or your thighs
The dimples in your back
At the bottom of your spine
But I'll love them endlessly

I won't let these little things
Slip out of my mouth
But if I do
It's you
Oh, it's you
They add up to
I'm in love with you
And all these little things

You can't go to bed
Without a cup of tea
And maybe that's the reason
That you talk in your sleep
And all those conversations
Are the secrets that I keep
Though it makes no sense to me

I know you've never loved the sound of your voice on tape
You never want to know how much you weigh
You still love to squeeze into your jeans
But you're perfect to me

I won't let these little things
Slip out of my mouth
But if it's true
It's you
It's you
They add up to
I'm in love with you
And all these little things

You'll never love yourself
Half as much as I love you
You'll never treat yourself right darlin
But I want you to
If I let you know
I'm here for you
Maybe you'll love yourself like I love you
Oh

I've just let these little things
Slip out of my mouth
Because it's you
Oh. It's you
It's you
They add up to
And I'm in love with you
And all these little things

I won't let these little things
Slip out of my mouth
But if it's true
It's you
It's you
They add up to
I'm in love with you
And all your little things

 

- Amo-te! - Sussurrei-lhe antes de me atirar para cima dele.

 

A manhã foi nossa, passada entre muito amor e carinho no apartamento do Pedro. À tarde, depois de almoço, voltamos os dois para o “meu” apartamento emprestado, estavam lá o meu primo e o Rapha. Pobre Guzzo, não queria incomodar o casal maravilha (Pedro e Inês), portanto veio fazer torneios de FIFA, PES e companhia limitada com o Kiko. Os torneios passaram de dois participantes, para três e eu apenas assistia e ria, porque sempre que aqueles três se juntam é palhaçada total e brincadeiras sem fim…

Aproveitei para tirar uma foto e postar nas redes sociais, mais uma vez mostrando o quão bem eu estava com ele. Apesar do vício dele ser enorme em tudo o que era “vídeo games” (algo típico de rapazes), havia sempre contacto nosso… Nem que fosse simplesmente ele estar a jogar e eu ter as pernas no colo dele, ou uma pequena festa da parte dele na minha perna, ou um apertão na minha coxa, ou uns beijinhos. Nós não nos largávamos…

 

@inescorreia: Aqui é o meu lugar, com o meu Jogador <3

 

 

            Até podia ser engraçado, quem não soubesse com quem eu namorava, ao ver aquela foto e a respetiva legenda poderia pensar que ele era o meu jogador, apenas por causa dos jogos de vídeo. Mas não só, ele era o meu jogador também por causa da profissão dele. Sim, principalmente por esse segundo motivo…

E se eu dissesse que depois de eu saber o segredo “negro” do meu namorado, nós nos tornamos ainda mais unidos? É verdade, há uma ligação diferente entre nós, mais intensa… Basta olhar nos olhos dele e parece que percebo o que ele está pensar e a sentir… Segundo a Diana isto é muito grave, eu devo estar infetada com um vírus de amor gravíssimo, que já não sou a mesma… O que eu hei-de fazer se encontrei “o amor da minha vida”? O Pedro demonstra ser o príncipe encantado com que sempre sonhei em pequena… Aquele homem que está SEMPRE lá para mim, mesmo sem eu pedir. Ele pode não ser 100% perfeito, mas quem o é? Ele tem defeitos e qualidades como todos, mas para mim ele é perfeito à sua maneira… Cada vez que penso o quão me sinto ligada a ele fico aterrorizada, pois eu sinto que sem ele já não sou ninguém, que nunca conseguiria viver sem ele do meu lado.

            Estava eu muito bem no sofá quando, de repente, recebo uma mensagem do Oliver no Messenger do Facebook:

Guapa, amanhã vens ao Porto?

Tenho saudades de te ver e estar contigo…

Abandonaste-me! L

Españolito, saudades!

Estou por Lisboa agora, sabes como é, vida nova…

Sim, porquê? Vais jogar?

Vai ser bom rever-te…

Claro, ainda vou marcar o golo da vitória para ti!

Saímos depois do jogo?

Não sonhes tão alto que a queda é maior!

A vitória vai ser encarnada, vai ser do Glorioso!!!

Não sei, eu tenho de fazer a viagem de regresso…

Podias ir só na segunda, ficavas cá em casa e tal.

Não seria a primeira vez, matávamos saudades…

Bons velhos tempos, não?

Oli, não dá… Eu agora namoro.

E tu sabes muito bem disso…

 

            - Com quem é que estás a falar? – Perguntou o Pedro junto de mim, fazendo-me dar um salto com o susto.

            - Pedro Miguel, não me assustes assim! – Reclamei com a mão no peito, sentindo o meu coração a mil…

            - Desculpa, pequena! Não foi com intenção… - Desculpou-se beijando a minha testa. – Mas, com quem é que estás a falar?

            - Um amigo do Porto…

            - Que amigo? – Perguntou o Kiko.

            - O Oli…

            - O que é que ele quer? – Perguntou o Pedro, espreitando para o ecrã do meu telemóvel.

            - Vem aí porcaria, ouve o que eu te digo… - Sussurrou o meu primo para o Rapha, mas eu ouvi.

            - Inês, tu não vais estar com esse espanhol! – Exclamou bruto o Pedro.

            - Desculpa?! Porquê? Ele é meu amigo… - Falei indignada com a atitude dele.

            - Ele quer-te comer e tu estás comigo agora. Se quiseres vê-lo, eu vou contigo… Não há discussão possível, amor!

            - Hey! Mas eu não posso ter amigos? Vá lá, Pedro, não dês uma de homem das cavernas, tu não me podes controlar! Eu não sou propriedade tua… – Eu afirmei já exaltada.

            - Prima, desculpa estar a meter-me, mas toda a gente sabe que esse espanhol é viciado em ti, ele só quer ter algo contigo, principalmente tudo o que for relação mais física. Ele vai investir mesmo sabendo que namoras… Portanto, tenta perceber o lado do teu namorado – Falou o Kiko, olhando-me nos olhos pedindo que eu me acalmasse e me calasse.

            - Por favor… Vocês estão a ser ridículos! – Exasperei.

            - Pequena, eu não conheço a tua relação com ele, mas, tudo bem, queres estar com ele? Ok, só peço para estar presente eu ou, em último dos casos, o Kiko ou o Rapha. Não discutas sobre isto agora, por favor… Tenta perceber o meu lado, eu quero o teu bem e a tua segurança, és tudo para mim! – Pediu, beijando a minha testa suavemente. Ele joga sujo! Como é que posso discutir com ele depois duma confissão destas? Ele consegue facilmente me derreter tudo, mesmo numa discussão, em que estou bastante irritada com a atitude dele. Eu vou ceder por agora, mas a conversa não fica por aqui… Ainda temos muito que falar…

            - Desculpem, pombinhos, mas está na hora de irmos… - Interrompeu o Rapha.

            Depois das despedidas feitas, os rapazes foram em direção ao estádio da Luz para entrarem no autocarro e seguirem em direção ao norte. E eu? Eu fiquei sozinha e abandonada… Sou uma infeliz, uma pobre coitada, que ninguém quer… Brincadeirinha, vi um filme e fui dormir. Aproveitei para por o sono em dia, já que o meu namorado é um tarado e é difícil mantê-lo quieto muito tempo, não que eu tenha razão de queixa (porém eu adoro e preciso de dormir)… Além disso, no dia seguinte, tinha uma viagem pela frente e como ia conduzir, tinha de descansar o máximo possível.

 

            Domingo de manhã, acordei bem cedinho para ir para o Porto, eu não gosto de levantar cedo, mas tem de ser… Isto tudo porque eu decidi ir fazer uma visita surpresa aos meus irmãos, só os meus pais é que sabiam (antes que eu chegasse à casa e não houvesse lá ninguém, o que seria muito chato). Publiquei uma fotinha de praxe no vício (a simples selfie no carro) e segui caminho…

 

@inescorreia: Siga viagem, está na hora de matar saudades dos meus bebés… Porto, espera por mim!

 

 

            Quando cheguei ao Porto, dirigi-me logo para casa dos meus pais. Silenciosamente, o máximo que consegui, entrei com as minhas chaves, fechei a porta e segui o barulho, estavam todos na cozinha. Os gémeos estavam sentados nos seus típicos lugares, um ao lado do outro, de costas para a porta. Logo tapei com uma mão os olhos da Mada e com a outra os olhos do Teus e só ouço a minha mãe perguntar alto:

            - Quem é, meninos?

            Ao que não obteve resposta, eles estavam confusos e completamente calados (momento raro e único), o que me levou a soltar uma gargalhada. Ao me ouvirem a rir, ambos libertaram-se da minha mão e olharam para mim espantados.

            - Manaaaaa!!! – Gritou o Mateus, atirando-se para o meu colo, como eu esperava. Mas, o que me deixou assustada foi a falta de reação da Madalena.

            Depois de dar um abraço apertado e beijinhos ao meu menino, aproximei-me mais da minha loirinha pequenina, agachei-me, acariciei o rosto dela e sussurrei:

            - Olá, meu amor! Estava cheia de saudades tuas… Mada, não dás um abraço à mana? – Reparei nos olhinhos dela cheios de lágrimas e ela abraçou-me.

            Naquele momento, ao ver o quanto os meus irmãos sentiam a minha falta e sofriam com a minha ausência, o meu coração mirrou como uma passa seca. Por um lado, eu também preferia estar no Porto, pertinho deles. Mas, e o Pedro? Eu não sobrevivia afastada dele, eu dependo dele, eu vivo por ele… A vida é complicada e há sempre escolhas difíceis que temos de fazer, sem dúvida que esta é uma delas para mim…

 
 
 
Hallo! Eu sei que já não publico há demasiado tempo, mas eu devo confessar que a inspiração é pouquíssima, o tempo para escrever é muito pouco e ando meio desanimada com tudo...
Obrigada a todas as pessoas que leem a minha fic, obrigada às duas meninas que comentaram o último capítulo...
Aceito sugestões, críticas, ou wtv.
Beijinhos,
Rita B.
PS: Desculpem, eu sei que os capítulos são pequeninos, mas se fossem maiores, eu ainda publicava com menor frequência... E, por opção, achei preferível publicar mais vezes episódios mais pequeninos do que estar imenso tempo sem publicar...