No capítulo anterior:
Saímos do elevador do prédio dele
agarradinhos. Ele mandou-me esperar um pouco à porta, enquanto ele ia lá dentro
fazer algo... Uns dois minutos depois, eu entro às escuras à procura dele e
deparo-me com uma surpresa inacreditável de alguém que se intitula por
"Senhor Eu Não Sei Ser Romântico"...
Eu estava simples e absolutamente
espantada. Eu sabia que ele era um namorado romântico e dedicado, apesar de não
o admitir. Pelo menos, ele era assim comigo… Mas eu não estava nada à espera de
encontrar um cenário daqueles. Adoro surpresas e esta superou qualquer possível
espectativa que eu tivesse…
- Oh meu Deus, estou à procura do
meu namorado “Eu não sou nada romântico”, sabe onde é que ele está? –
Perguntei-lhe na brincadeira.
Ele riu-se, mas continuava nervoso.
Chegou mais perto de mim, agarrou as minhas duas mãos, acariciando os meus
dedos com os seus, fixou o olhar em mim, hipnotizando-me e sorriu. SOS! Eu vou ter um AVC… Este homem é um
pecado!
- Gostaste, pequenina? Eu não sei
como ser um namorado romântico, um namorado como tu mereces, apenas tentei
fazer algo que tu gostasses… Como é que eu me saí? - Falou envergonhado,
baixando outra vez os olhos para as nossas mãos.
- Acredita, eu amei! – Gritei
abraçando-o com força. – Obrigada, grandalhão! És a melhor coisa que já me aconteceu,
és tudo para mim… Sem ti, a vida já não faz sentido… And I love you so much,
prince! – Sussurrei emocionada ao ouvido dele.
Ele pegou em mim ao colo e começou a
rodopiar pelo quarto, gargalhei com aquela demonstração de felicidade pela
parte dele. Eu percebi que ele tinha relaxado completamente, agora sim eu tinha
o meu namorado de volta, afinal ele estava preocupado com a minha reação. Será
que eu sou assim tão exigente? Será que eu sou assim tão má? Ou assustadora?
Será que eu sou assim tão chata? Será que eu lhe peço demasiado? Nesse momento,
vislumbrei a minha deusa interior com uma cara irónica e um cartaz na mão a
dizer “You’re crazy? He loves you! PS: Don’t
be silly, have fun!”. Tentei esquecer um pouco esse assunto, mesmo que estivesse preocupada
com a hipótese de eu não ser aquilo que ele esperava, que ele queria… No fim de
contas, acabei por seguir o conselho dela e ignorei tudo, exceto os sentimentos
do momento, só pensei em como estávamos bem agora.
-
Amor, posso tirar uma foto da surpresa? – Perguntei com o meu sorriso mais doce
do tipo “não podes dizer que não”.
-
Tudo bem, meu anjo – Murmurou com um grande sorriso.
Ajustei
tudo numa posição que me pareceu perfeita. As pequenas pétalas vermelhas no
chão não foram mexidas, dando o aspeto de terem sido colocadas de modo a
aleatório, mas de uma forma que sobressaía a mensagem transmitida pelas
velinhas brancas e a mensagem era um somente e verdadeiro “I love you”. O ramo
perfeito mantinha-se nas mãos do Pedro, era um ramo cheio de rosas vermelhas e
uma solitária rosa branca (segundo a explicação dada por ele, a rosa branca, criando
um claro contraste no meio de todas as outras rosas encarnadas do ramo, simbolizava
o como eu me destacava no meio de todas as outras mulheres, como eu era única e
especial, por outro lado, demonstrava que eu era aquela que ele nunca tiraria
os olhos de cima, por mais bonito que fosse o que me rodeasse, eu seria sempre
o mais importante, o centro do mundo dele)… Subi para cima de um pequeno banco
que por ali andava e fotografei a melhor perspetiva que consegui daquela
perfeição. Naquele momento, eu sentia-me a mulher mais amada neste mundo e isso
era demasiada emoção para o meu pobre coração. Como previsível, eu não resisti
e publiquei nas redes sociais, tendo algum cuidado para não mostrar o rosto do
Pedro, não por agora…
@inescorreia: Eu tenho o melhor namorado do mundo…
Beijinho no ombro para todas as invejosas…
I love you so much, prince! <3
Assim
que acabei de publicar, resolvi agradecer-lhe à minha maneira, com muito amor e
carinho. Atirei-me para o colo dele e beijei a boca dele como se a minha vida
dependesse disso. As minhas mãos foram parar ao interior da camisola dele,
adorando o corpo dele, ele era uma dádiva que Deus me deu… Porquê? Isso eu não
sei, não mereço tamanha honra, mas tento agradecer todos os dias por isso…
Aproveitei e dei uso às minhas unhas, deixando pequeninos arranhões ao de leve nos
abdominais dele. Gemidos foram libertados pela boca do meu homem e eu queria
ouvir esses sons inúmeras vezes. Portanto, fiz de tudo para o provocar a noite
toda, sem parar…
Já
com os corpos desprovidos de energias, ficamos deitados na cama, eu com a minha
cabeça no peito dele, sobre o coração. Adorava sentir que o coração dele estava
ao mesmo ritmo que o meu, ainda confirmava mais a nossa ligação espetacular,
era como se fossemos um só…
- Pequenina… -
Chamou-me, ao que obteve apenas um grunhido como resposta. – Ainda estás
acordada? – Perguntou, dando um beijo suave no topo da minha cabeça.
-
Tu sabes que sim, amor… - Respondi devagar e arrastando as palavras.
-
Mas não por muito tempo, estou a ver… - Comentou rindo.
Claramente
que aquele comentário foi proferido com o seu tom de voz de típico macho satisfeito,
de macho que conseguiu deixar uma mulher completamente estoirada. O orgulho
masculino dele estava no topo, isso notava-se pela voz dele e dava-me sempre
vontade de rir… A verdade é que eu não podia reclamar com ele, porque ele tinha
razão em estar feliz, depois daquelas longas horas passadas naquele quarto…
Por outro lado, as
gargalhadas do Pedro eram dos meus sons preferidos, era música para os meus
ouvidos e sentir o peito dele a vibrar com o ritmo do riso dele era fantástico.
Mesmo que até fosse uma pessoa naturalmente sorridente, as gargalhadas
verdadeiras não são assim tão comuns nele e eu amava saber que, sem grandes
esforços, conseguia fazê-lo assim tão feliz… A sensação de paz invadiu o meu
ser, eu estava realmente satisfeita ao vê-lo tão alegre e relaxado.
- Peço imensa
desculpa se o meu namorado é um tarado e eu tenho dificuldade em aguentar a
pedalada dele… - Resmunguei na brincadeira.
- Pequena, não
entremos por aí, por favor… Eu queria dizer-te uma coisa… - Falou sério, o que
me fez olhar para ele. – Obrigada por este mês que passamos como namorados! Não
poderia pedir melhor…
Juro que fiquei de
boca aberta a olhar para ele, não esperava que ele fosse pessoa de dar
importância às datas… E então fez-se luz na minha cabeça, a nossa noite tinha
sido a comemoração pelo nosso primeiro mês juntos… Realmente, nada romântico
este jovem.
- Fogo, se eu não
estivesse tão cansada, ias ver o quão feliz me deixaste… - Murmurei baixinho.
- E eu é que sou o
tarado? – Pergunto rindo muito alto.
- Não tenho culpa,
se tu és perfeito e me deixas doida… Meu amor, este foi o melhor mês da minha
vida, que venham muitos mais junto de ti, Amo-te demasiado para sequer pensar
em perder-te… És tudo para mim! A melhor coisa que aconteceu na minha vida, tu
sabes…
Entre beijos, mimos
e promessas para um futuro juntos, adormecemos agarradinhos, completamente “in
love” um com o outro…
No dia seguinte,
acordei com um belo de um pequeno-almoço na cama:
@pedrorebocho23: Pequeno-almoço na cama… Espero
que ela goste.
1 Mês,
pequenina, parece mentira… Amo-te! <3
Sujamo-nos enquanto comíamos o meu pequeno-almoço cheio de
brincadeiras… Tomamos um banho juntinhos, ao contrário do habitual, não houve
“mãos bobas” nem tentativas dele de levar as coisas pra outro rumo… O Pedro
estava pensativo e eu percebi que ele queria falar sobre algo, mas deixei-o
estar. Quando ele quisesse, ele contaria… O problema era o meu coração ter que
aguentar tanto suspense.
Estava
à procura duma camisola dele para vestir e ouço o Pedro a chamar-me, ele
precisava de falar comigo… Tinha chegado a hora de saber o que se passava com o
meu homem, ia matar a minha curiosidade.
-
Pequena, o que tenho para te contar é um assunto muito delicado para mim… Ontem,
contaste um segredo que tinhas oculto de mim e achei que talvez esteja na hora
de te contar também o meu maior segredo… Apenas uma mão cheia de pessoas sabem
sobre isto…
-
Se não quiseres, não precisas de contar… Pedro, não quero que te sintas pressionado
para me contar nada… Eu já percebi que é um assunto particularmente delicado
para ti… - Comentei, não o querendo pressionar, por muito que a curiosidade me
dominasse completamente. Em primeiro lugar, sempre estaria ele. – Eu estarei
aqui, para quando te sentires pronto… - Murmurei segurando na mão dele e
sorrindo.
-
Amo-te tanto! – Afirmou, comovido, dando-me um beijo na boca. Percebi que foi a
forma dele de me agradecer por não o pressionar e, por outro lado, a forma dele
ganhar coragem para continuar… - Eu passei uma fase complicada na minha
adolescência, não era o melhor atleta da minha equipa, não era o melhor aluno e
andava com uns problemas na escola com um grupo de rapazes.
A
forma como ele contava a história e olhava para mim, fez-me ter a certeza de
quão aquela fase tinha sido dolorosa para ele. Por vezes, eu ia demonstrando o
meu apoio e compreensão dando pequenos apertões na mão dele que estava junto da
minha.
-
Eu gostava duma rapariga, morena, alta, linda… Ela era a típica menina popular,
rica e parecida com uma modelo.
-
Ao que parece, as morenas sempre deram a volta à tua cabeça – comentei entre
dentes, um pouco ciumenta. Pois, todos comentava, ma clara preferência dele por
morenas, eu era a exceção.
-
A verdade é que a única rapariga a quem eu estou a dar a conhecer esta história
e consome-me completamente é uma loirinha ciumenta – brincou, beijando a minha
mão.
Eu
não resisti e gesticulei com os lábios um silencioso “Amo-te!”, enquanto esperava que ele continuasse.
-
Um dia, tentei a minha sorte e declarei-me à rapariga… A resposta dela foi
arrogante ao ponto de me dizer que eu até era bonitinho, mas ela nunca teria
nada sério comigo porque eu era o “gordinho”, ou seja, não era o tipo mais
musculoso e com o porte mais musculoso. E, como cereja no topo do bolo, não era
dos melhores jogadores da equipa de futebol… Ela só queria algo com “O” melhor,
não se contentaria com menos…
Naquele
momento, senti um ódio enorme pela rapariga. Imaginei um pequeno Pedro Rebocho,
rechonchudinho, com aquela carinha laroca, aquele olhar abrasador e tão
amoroso. Como é que alguém poderia ter sido tão frio a falar com ele? A
primeira grande “desilusão amorosa” do Pedro. Percebi que possivelmente ele
tinha criado um complexo com o seu corpo e com o facto de poder não ser bom o
suficiente que existia dentro dele ainda na atualidade, justificando assim
várias atitudes dele…
Ao
observar as suas expressões corporais, percebi que ele ainda sentia uma raiva
forte por tudo o que teve de passar e uma enorme revolta interior… A mão que
estava solta, mantinha-se fechada em punho com tanta força que eu via os nós
dos seus dedos brancos. E eu senti que o pior estaria por vir…
-
A minha sorte foi ela não espalhar isso por todos… Mas, dentro de mim, cresceu
um ódio pelo meu corpo e por mim, de forma geral. Então, tentei procurar uma
forma rápida e eficaz de combater o meu corpo gordo, o que me surgiu como
melhor hipótese foram os esteroides. – Falou com algum receio na voz.
A
minha deusa interior bloqueou de tal forma, que acabou por embater num móvel
enquanto andava. A minha alma estava em choque e a pena que senti por ele só
aumentava, quanto a pobre criança, que eu imaginava o Pedro ser em pequeno,
mais sofria…
Não
sabia como reagir, não sabia que fazer, mas queria saber mais pormenores.
Portanto, deixei-o continuar a contar a sua história.
-
Tudo melhorou, eu tinha mais músculos, mais força, jogava melhor… O problema
foi que eu não tomei qualquer tipo de esteroides, eu tomei clembuterol, uma das
substâncias mais perigosas, muito usado por atletas e praticantes de
musculação. A venda é ilegal, então eu procurei contactos e conseguia tudo por
contrabando…
-
Como é que descobriram? – Perguntei quase sem voz, eu estava agoniada,
preocupada.
-
Por consequência do clembuterol, a pressão arterial e a frequência cardíaca
aumentaram e eu comecei a ter faltas de ar constantes e tremores. Um dia, num
treino ao ter uma falta de ar muito grande, o meu treinador mandou-me para o
hospital com um dos médicos do clube. Em análises e exames, detetaram o que eu
andava a tomar… Logo tentaram arranjar solução, o meu caso estava a tornar-se
grave e, mais cedo ou mais tarde, eu poderia entrar em coma e, quem sabe…
Se
eu já achava que ele tinha sofrido bastante, depois desta confissão fiquei sem
chão. Nos olhos dele apareceram lágrimas e, consequentemente, nos meus também,
eu era um reflexo dele… Eu acabava por sentir o mesmo que ele, eramos quase um.
Como
forma de demonstrar o meu amor e apoio incondicional, sentei-me ao colo dele e
abracei-o com força, sussurrando:
-
Shhh… Eu estou aqui… Eu sempre estarei aqui… Amo-te incondicionalmente, Pedro
Rebocho! Nunca te esqueças disso…
Mantivemo-nos
naquela posição longos minutos, o meu coração estava mirradinho e aflito
perante tanto sofrimento.
Mais
calmo, mesmo sem ter necessidade disso, ele prosseguiu a contar aquela fase do
seu passado, uma fase bastante conflituosa e dorida na vida do meu homem.
-
Os médicos e os meus pais decidiram começarem a fazer uma pequena reabilitação
para mim e deixarem isto nos segredos deuses. Nenhum amigo meu soube disto,
nenhum professor soube, nenhuma namorada… Só os meus pais e os médicos e agora
tu também. – Disse baixinho sorrindo, tenuemente. – Espero que não decidas
afastar-te de mim, ao saberes este podre meu…
Olá! Desculpem a demora em publicar, mas tem estado complicado de escrever e publicar.
Aqui vos deixo mais um capítulo.
Espero que gostem, fico à espera do vosso feedback...
Beijinhos,
Rita Bonito
PS: Não podia passar sem dizer isto... "OH O CAMPEÃO VOLTOU!"