terça-feira, 19 de maio de 2015

CAPÍTULO 16 - "LOVE IS A FUNNY THING..."


No capítulo anterior:

Saímos do elevador do prédio dele agarradinhos. Ele mandou-me esperar um pouco à porta, enquanto ele ia lá dentro fazer algo... Uns dois minutos depois, eu entro às escuras à procura dele e deparo-me com uma surpresa inacreditável de alguém que se intitula por "Senhor Eu Não Sei Ser Romântico"...

 

            Eu estava simples e absolutamente espantada. Eu sabia que ele era um namorado romântico e dedicado, apesar de não o admitir. Pelo menos, ele era assim comigo… Mas eu não estava nada à espera de encontrar um cenário daqueles. Adoro surpresas e esta superou qualquer possível espectativa que eu tivesse…

            - Oh meu Deus, estou à procura do meu namorado “Eu não sou nada romântico”, sabe onde é que ele está? – Perguntei-lhe na brincadeira.

            Ele riu-se, mas continuava nervoso. Chegou mais perto de mim, agarrou as minhas duas mãos, acariciando os meus dedos com os seus, fixou o olhar em mim, hipnotizando-me e sorriu. SOS! Eu vou ter um AVC… Este homem é um pecado!

            - Gostaste, pequenina? Eu não sei como ser um namorado romântico, um namorado como tu mereces, apenas tentei fazer algo que tu gostasses… Como é que eu me saí? - Falou envergonhado, baixando outra vez os olhos para as nossas mãos.

            - Acredita, eu amei! – Gritei abraçando-o com força. – Obrigada, grandalhão! És a melhor coisa que já me aconteceu, és tudo para mim… Sem ti, a vida já não faz sentido… And I love you so much, prince! – Sussurrei emocionada ao ouvido dele.

            Ele pegou em mim ao colo e começou a rodopiar pelo quarto, gargalhei com aquela demonstração de felicidade pela parte dele. Eu percebi que ele tinha relaxado completamente, agora sim eu tinha o meu namorado de volta, afinal ele estava preocupado com a minha reação. Será que eu sou assim tão exigente? Será que eu sou assim tão má? Ou assustadora? Será que eu sou assim tão chata? Será que eu lhe peço demasiado? Nesse momento, vislumbrei a minha deusa interior com uma cara irónica e um cartaz na mão a dizer “You’re crazy? He loves you! PS: Don’t be silly, have fun!”. Tentei esquecer um pouco esse assunto, mesmo que estivesse preocupada com a hipótese de eu não ser aquilo que ele esperava, que ele queria… No fim de contas, acabei por seguir o conselho dela e ignorei tudo, exceto os sentimentos do momento, só pensei em como estávamos bem agora.

            - Amor, posso tirar uma foto da surpresa? – Perguntei com o meu sorriso mais doce do tipo “não podes dizer que não”.

            - Tudo bem, meu anjo – Murmurou com um grande sorriso.

            Ajustei tudo numa posição que me pareceu perfeita. As pequenas pétalas vermelhas no chão não foram mexidas, dando o aspeto de terem sido colocadas de modo a aleatório, mas de uma forma que sobressaía a mensagem transmitida pelas velinhas brancas e a mensagem era um somente e verdadeiro “I love you”. O ramo perfeito mantinha-se nas mãos do Pedro, era um ramo cheio de rosas vermelhas e uma solitária rosa branca (segundo a explicação dada por ele, a rosa branca, criando um claro contraste no meio de todas as outras rosas encarnadas do ramo, simbolizava o como eu me destacava no meio de todas as outras mulheres, como eu era única e especial, por outro lado, demonstrava que eu era aquela que ele nunca tiraria os olhos de cima, por mais bonito que fosse o que me rodeasse, eu seria sempre o mais importante, o centro do mundo dele)… Subi para cima de um pequeno banco que por ali andava e fotografei a melhor perspetiva que consegui daquela perfeição. Naquele momento, eu sentia-me a mulher mais amada neste mundo e isso era demasiada emoção para o meu pobre coração. Como previsível, eu não resisti e publiquei nas redes sociais, tendo algum cuidado para não mostrar o rosto do Pedro, não por agora…

 


@inescorreia: Eu tenho o melhor namorado do mundo…

Beijinho no ombro para todas as invejosas…

I love you so much, prince! <3

           

            Assim que acabei de publicar, resolvi agradecer-lhe à minha maneira, com muito amor e carinho. Atirei-me para o colo dele e beijei a boca dele como se a minha vida dependesse disso. As minhas mãos foram parar ao interior da camisola dele, adorando o corpo dele, ele era uma dádiva que Deus me deu… Porquê? Isso eu não sei, não mereço tamanha honra, mas tento agradecer todos os dias por isso… Aproveitei e dei uso às minhas unhas, deixando pequeninos arranhões ao de leve nos abdominais dele. Gemidos foram libertados pela boca do meu homem e eu queria ouvir esses sons inúmeras vezes. Portanto, fiz de tudo para o provocar a noite toda, sem parar…

 

            Já com os corpos desprovidos de energias, ficamos deitados na cama, eu com a minha cabeça no peito dele, sobre o coração. Adorava sentir que o coração dele estava ao mesmo ritmo que o meu, ainda confirmava mais a nossa ligação espetacular, era como se fossemos um só…

- Pequenina… - Chamou-me, ao que obteve apenas um grunhido como resposta. – Ainda estás acordada? – Perguntou, dando um beijo suave no topo da minha cabeça.

            - Tu sabes que sim, amor… - Respondi devagar e arrastando as palavras.

            - Mas não por muito tempo, estou a ver… - Comentou rindo.

            Claramente que aquele comentário foi proferido com o seu tom de voz de típico macho satisfeito, de macho que conseguiu deixar uma mulher completamente estoirada. O orgulho masculino dele estava no topo, isso notava-se pela voz dele e dava-me sempre vontade de rir… A verdade é que eu não podia reclamar com ele, porque ele tinha razão em estar feliz, depois daquelas longas horas passadas naquele quarto…

Por outro lado, as gargalhadas do Pedro eram dos meus sons preferidos, era música para os meus ouvidos e sentir o peito dele a vibrar com o ritmo do riso dele era fantástico. Mesmo que até fosse uma pessoa naturalmente sorridente, as gargalhadas verdadeiras não são assim tão comuns nele e eu amava saber que, sem grandes esforços, conseguia fazê-lo assim tão feliz… A sensação de paz invadiu o meu ser, eu estava realmente satisfeita ao vê-lo tão alegre e relaxado.

- Peço imensa desculpa se o meu namorado é um tarado e eu tenho dificuldade em aguentar a pedalada dele… - Resmunguei na brincadeira.

- Pequena, não entremos por aí, por favor… Eu queria dizer-te uma coisa… - Falou sério, o que me fez olhar para ele. – Obrigada por este mês que passamos como namorados! Não poderia pedir melhor…

Juro que fiquei de boca aberta a olhar para ele, não esperava que ele fosse pessoa de dar importância às datas… E então fez-se luz na minha cabeça, a nossa noite tinha sido a comemoração pelo nosso primeiro mês juntos… Realmente, nada romântico este jovem.

- Fogo, se eu não estivesse tão cansada, ias ver o quão feliz me deixaste… - Murmurei baixinho.

- E eu é que sou o tarado? – Pergunto rindo muito alto.

- Não tenho culpa, se tu és perfeito e me deixas doida… Meu amor, este foi o melhor mês da minha vida, que venham muitos mais junto de ti, Amo-te demasiado para sequer pensar em perder-te… És tudo para mim! A melhor coisa que aconteceu na minha vida, tu sabes…

Entre beijos, mimos e promessas para um futuro juntos, adormecemos agarradinhos, completamente “in love” um com o outro…

 

No dia seguinte, acordei com um belo de um pequeno-almoço na cama:

 



@pedrorebocho23: Pequeno-almoço na cama… Espero que ela goste.

1 Mês, pequenina, parece mentira… Amo-te! <3

     Sujamo-nos enquanto comíamos o meu pequeno-almoço cheio de brincadeiras… Tomamos um banho juntinhos, ao contrário do habitual, não houve “mãos bobas” nem tentativas dele de levar as coisas pra outro rumo… O Pedro estava pensativo e eu percebi que ele queria falar sobre algo, mas deixei-o estar. Quando ele quisesse, ele contaria… O problema era o meu coração ter que aguentar tanto suspense.

            Estava à procura duma camisola dele para vestir e ouço o Pedro a chamar-me, ele precisava de falar comigo… Tinha chegado a hora de saber o que se passava com o meu homem, ia matar a minha curiosidade.

            - Pequena, o que tenho para te contar é um assunto muito delicado para mim… Ontem, contaste um segredo que tinhas oculto de mim e achei que talvez esteja na hora de te contar também o meu maior segredo… Apenas uma mão cheia de pessoas sabem sobre isto…

            - Se não quiseres, não precisas de contar… Pedro, não quero que te sintas pressionado para me contar nada… Eu já percebi que é um assunto particularmente delicado para ti… - Comentei, não o querendo pressionar, por muito que a curiosidade me dominasse completamente. Em primeiro lugar, sempre estaria ele. – Eu estarei aqui, para quando te sentires pronto… - Murmurei segurando na mão dele e sorrindo.

            - Amo-te tanto! – Afirmou, comovido, dando-me um beijo na boca. Percebi que foi a forma dele de me agradecer por não o pressionar e, por outro lado, a forma dele ganhar coragem para continuar… - Eu passei uma fase complicada na minha adolescência, não era o melhor atleta da minha equipa, não era o melhor aluno e andava com uns problemas na escola com um grupo de rapazes.

            A forma como ele contava a história e olhava para mim, fez-me ter a certeza de quão aquela fase tinha sido dolorosa para ele. Por vezes, eu ia demonstrando o meu apoio e compreensão dando pequenos apertões na mão dele que estava junto da minha.

            - Eu gostava duma rapariga, morena, alta, linda… Ela era a típica menina popular, rica e parecida com uma modelo.

            - Ao que parece, as morenas sempre deram a volta à tua cabeça – comentei entre dentes, um pouco ciumenta. Pois, todos comentava, ma clara preferência dele por morenas, eu era a exceção.

            - A verdade é que a única rapariga a quem eu estou a dar a conhecer esta história e consome-me completamente é uma loirinha ciumenta – brincou, beijando a minha mão.

            Eu não resisti e gesticulei com os lábios um silencioso “Amo-te!”, enquanto esperava que ele continuasse.

            - Um dia, tentei a minha sorte e declarei-me à rapariga… A resposta dela foi arrogante ao ponto de me dizer que eu até era bonitinho, mas ela nunca teria nada sério comigo porque eu era o “gordinho”, ou seja, não era o tipo mais musculoso e com o porte mais musculoso. E, como cereja no topo do bolo, não era dos melhores jogadores da equipa de futebol… Ela só queria algo com “O” melhor, não se contentaria com menos…

            Naquele momento, senti um ódio enorme pela rapariga. Imaginei um pequeno Pedro Rebocho, rechonchudinho, com aquela carinha laroca, aquele olhar abrasador e tão amoroso. Como é que alguém poderia ter sido tão frio a falar com ele? A primeira grande “desilusão amorosa” do Pedro. Percebi que possivelmente ele tinha criado um complexo com o seu corpo e com o facto de poder não ser bom o suficiente que existia dentro dele ainda na atualidade, justificando assim várias atitudes dele…

            Ao observar as suas expressões corporais, percebi que ele ainda sentia uma raiva forte por tudo o que teve de passar e uma enorme revolta interior… A mão que estava solta, mantinha-se fechada em punho com tanta força que eu via os nós dos seus dedos brancos. E eu senti que o pior estaria por vir…

            - A minha sorte foi ela não espalhar isso por todos… Mas, dentro de mim, cresceu um ódio pelo meu corpo e por mim, de forma geral. Então, tentei procurar uma forma rápida e eficaz de combater o meu corpo gordo, o que me surgiu como melhor hipótese foram os esteroides. – Falou com algum receio na voz.

            A minha deusa interior bloqueou de tal forma, que acabou por embater num móvel enquanto andava. A minha alma estava em choque e a pena que senti por ele só aumentava, quanto a pobre criança, que eu imaginava o Pedro ser em pequeno, mais sofria…

            Não sabia como reagir, não sabia que fazer, mas queria saber mais pormenores. Portanto, deixei-o continuar a contar a sua história.

            - Tudo melhorou, eu tinha mais músculos, mais força, jogava melhor… O problema foi que eu não tomei qualquer tipo de esteroides, eu tomei clembuterol, uma das substâncias mais perigosas, muito usado por atletas e praticantes de musculação. A venda é ilegal, então eu procurei contactos e conseguia tudo por contrabando…

            - Como é que descobriram? – Perguntei quase sem voz, eu estava agoniada, preocupada.

            - Por consequência do clembuterol, a pressão arterial e a frequência cardíaca aumentaram e eu comecei a ter faltas de ar constantes e tremores. Um dia, num treino ao ter uma falta de ar muito grande, o meu treinador mandou-me para o hospital com um dos médicos do clube. Em análises e exames, detetaram o que eu andava a tomar… Logo tentaram arranjar solução, o meu caso estava a tornar-se grave e, mais cedo ou mais tarde, eu poderia entrar em coma e, quem sabe…

            Se eu já achava que ele tinha sofrido bastante, depois desta confissão fiquei sem chão. Nos olhos dele apareceram lágrimas e, consequentemente, nos meus também, eu era um reflexo dele… Eu acabava por sentir o mesmo que ele, eramos quase um.
 
 
            Como forma de demonstrar o meu amor e apoio incondicional, sentei-me ao colo dele e abracei-o com força, sussurrando:

            - Shhh… Eu estou aqui… Eu sempre estarei aqui… Amo-te incondicionalmente, Pedro Rebocho! Nunca te esqueças disso…

            Mantivemo-nos naquela posição longos minutos, o meu coração estava mirradinho e aflito perante tanto sofrimento.

            Mais calmo, mesmo sem ter necessidade disso, ele prosseguiu a contar aquela fase do seu passado, uma fase bastante conflituosa e dorida na vida do meu homem.

            - Os médicos e os meus pais decidiram começarem a fazer uma pequena reabilitação para mim e deixarem isto nos segredos deuses. Nenhum amigo meu soube disto, nenhum professor soube, nenhuma namorada… Só os meus pais e os médicos e agora tu também. – Disse baixinho sorrindo, tenuemente. – Espero que não decidas afastar-te de mim, ao saberes este podre meu…
 
 
 

 
Olá! Desculpem a demora em publicar, mas tem estado complicado de escrever e publicar.
Aqui vos deixo mais um capítulo.
Espero que gostem, fico à espera do vosso feedback...
Beijinhos,
Rita Bonito
 
PS: Não podia passar sem dizer isto... "OH O CAMPEÃO VOLTOU!"
 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

CAPÍTULO 15 - "LOVE IS A FUNNY THING..."

No capítulo anterior:
Ninguém entenderia... É intensa, verdadeira e é apenas nossa, não uma história de revista cor de rosa ou uma telenovela... Nós não somos atores, somos somente nós. E isso é mais que o suficiente...

O fim de semana passou rapidamente... O sábado foi resumido no meu modo mais vegetativo e ressacado, sozinha em casa. Porquê sozinha? É o que acontece quando apanhas uma valente bebedeira, mas o teu namorado e o teu primo não e decidem aproveitar o primeiro dia do fim de semana para estar com uns amigos. Sendo sincera, não me importei nada, adoro dormir e assim ninguém me incomodou... Foi perfeito! No domingo, foi dia de Catedral ver o glorioso a ganhar e somar pontos no seu fantástico primeiro lugar no campeonato. E à noite foi para festejar com o meu campeão (o que já se vem a tornar hábito, o que se pode dizer? Há uma enorme atração física e química entre nós e quem é que consegue resistir a um homem daqueles?).


A chegada de segunda feira trouxe consigo um exército de nervos a destruir-me por dentro, mas tentei esconder o máximo que consegui. No Seixal, encontrava-me às 9h da manhã numa reunião com pessoas da direção do Benfica, da equipa médica e o responsável pela secção de fisioterapia das equipas de futebol...
- Bom dia! Inês Correia, certo? - perguntou-me o presidente Luís Filipe Vieira.
- Bom dia! Sim, sou eu... - respondi convicta.
- Estamos aqui porque recebemos o seu currículum e, analisamos tudo, a sua média de notas de curso é surpreendente, as informações do seu estágio e trabalho são fantásticas, apesar de ter estado um tempo ausente...
- Sim, eu estive internada com um problema grave de saúde, tive de deixar o trabalho que tinha. Já fui operada, estou 100% recuperada e quero retomar tudo. Não esperei ter uma resposta positiva daqui, sei que têm grandes fisioterapeutas, que eu não tenho anos de experiência... Simplesmente, não custa tentar... - falei sem parar (prova do meu nível alto de nervos).
- Para sua sorte, um dos fisioterapeutas da nossa equipa, pediu transferência. Portanto, temos um lugar livre e queremos saber se quer fazer parte da equipa de fisioterapia das equipas de futebol - falou um senhor que deduzi ser "o boss" da equipa médica.
- Wow, eu estou sem palavras... Eu sinto-me honrada, poder trabalhar no meu clube de coração é um sonho... - confessei boquiaberta.
- Ótimo, temos Benfiquista! - exclamou um dos senhores presentes.
- E sócia desde pequena! - afirmei com orgulho. - Eu gostava de informar algo, antes de começar, não quero que saibam por terceiros, muito menos que isso interfira com a minha vida profissional... Eu separo completamente a minha vida pessoal da profissional, mas acho que deviam saber que o Francisco Correia, jogador da equipa A, é meu primo (quase um irmão para mim...) e o Pedro Rebocho e eu estamos a começar um namoro sério...
- Bem, eu não esperava isso... Todavia, gostei que tenha sido sincera e contado. Desde que deixe do lado de fora a sua vida profissional, não vejo nenhum inconveniente... - comentou o presidente.
A minha deusa interior corria pelos campos fora que nem a Heidi, pulando de alegria, atirava flores ao ar... Eu não conseguia acreditar, eu não estava em mim... A minha vida finalmente começava a tomar um rumo como deve ser, com namorado, emprego, hobby da dança... Tudo começava a entrar nos eixos...
Logo assinei contrato, sem hesitar, hoje o dia seria para aprender os cantos à casa, conhecer o pessoal, ver os horários para amanhã começar "on firme". Na visita guiada, levaram-me até aos campos onde estava a equipa principal a treinar, incluindo os meus dois rapazes...
- Rapazes, uma pequena pausa, querem falar connosco... - afirmou o treinador.
- Temos gatinha nova na área? - murmurou um dos brasileiros.
- Pessoal, respeito! A Inês Correia vai fazer parte da equipa, é uma belíssima fisioterapeuta e espero que ela não se queixe de vocês... - comentou o chefe da equipa de fisioterapia.
- A sério? Parabéns, Nocas! - gritou o meu primo, vindo a correr na minha direção...
- Kiko, estou em trabalho, lá fora é que somos primos... - comentei quando me separei dele, não queria deixar que a minha vida pessoal estragasse esta oportunidade.
- Inês, está à vontade, só amanhã é que precisas de fazer essa distinção - acalmou-me o treinador.
Esse facto descansou-me e levou o meu primo a fazer um velho cumprimento nosso, algo que fazíamos sempre em miúdos para festejar... A verdade é que nós somos umas autênticas crianças, sempre fomos assim... A nossa ligação era muito forte, mais que primos, quase irmãos...



Todos se riram da nossa figurinha de idiotas (para não variar muito), abracei-o outra vez e disse:
- Obrigada pelo apoio, gordo!
- Ah, até a tua prima concorda que estás gordo... - comentou a rir o Rúben Amorim.
Entre muitas brincadeiras, simpatia e alguns olhares atrevidos, cumprimentei todos os jogadores e equipa técnica presente, deixando uma pessoa para o fim, o meu boy... Ele ainda não tinha reagido, talvez por medo de não podermos assumir que estávamos juntos, por medo daquilo que eu pudesse pensar da atitude dele... A verdade é que ao olhar naqueles olhos perfeitos, eu conseguia ler a mente dele, tudo o que lhe passava pela mente. Ele tinha um brilhozinho nos olhos amoroso, o que mostrava o quão orgulhoso ele estava de mim e por saber que isso era o que ele precisava para garantir que eu ficasse mesmo na capital, perto dele. Por outro lado, tinha algo diferente no olhar, algo que eu já tinha visto, ele estava com ciúmes. Se havia algo negativo que nós tínhamos em comum era a possessividade e os ciúmes (algo que ele já tinha confessado que nunca tinha sentido tais sentimentos tão fortes por outra pessoa, tal como eu...), o lado positivo era que ambos adoravamos isso um no outro... Era um sinal que nos amávamos. E ele estava com ciúmes, queria mostrar a todos que eu sou só dele e eu iria permitir isso, não quero o meu "macho alfa" a sofrer...
- Estás feliz, grandalhão? Era isto que querias? - perguntei aproximando-me dele.
Ele sorriu amplamente, abraçou-me e congratulou-me:
- Eu quero-te só a ti... Parabéns, pequena! Tu mereces...
Ao soltar-me do abraço, beijei-o com amor. Todos saberiam do nosso namoro e ele podia marcar território. Que hei de fazer? Eu amo-o mesmo...



- Amo-te, princesa! - confessou, uma vez mais. Será que alguma vez me habituarei a ter uma perfeição destas apaixonado por mim? Será que algum dia as borboletas desaparecerão? Não sei, espero bem que não...


Os dias foram passando e a minha rotina já estava a ser estabelecida entre trabalho, ginásio e casa. Acordar cedo nunca foi algo que eu gostasse muito, mas o trabalho obriga-me a isso... Esta sexta já atuei na rua com o meu grupo de dança, foi fantástico, mas ainda temos muito que fazer pela frente... O importante é termos um objetivo, treinarmos muito, empenharmo-nos a sério e divertirmo-nos sempre. Como o meu avô paterno sempre diz: "Sem amor e alegria não vamos a lado nenhum", esse é um grande lema de vida, palavras sem dúvida muito sábias.
Como ainda estou no início do meu trabalho como fisioterapeuta, ainda observo mais do que faço. Sinceramente, ainda bem que aprendo rapidamente observando, porque não fazer quase nada é terrível...


Sexta de manhã e eu fui para a cozinha do apartamento do meu primo descalça (pequeno vício que eu tenho) e encontrei o Pedro a preparar os nossos cafés. Até gostaria de dizer que foi o cheirinho a café (que é como uma droga para mim) que me fez parar de andar, mas a realidade é que foi o meu homem de calças de fato de treino e camisola larga do Benfica. Adorava vê-lo com aquele estilo de roupa (ou mesmo sem ela) e aquele ar desarrumado e despreocupado, outrora eu imagi8naria o que aquele tecidos esconderam, mas agora conheço bem e sei que amo o que está oculto.
O Pedro olhou-me, enquanto eu caminhava na sua direção, com aquele olhar ternurento, afetuoso. Será que eu tinha o mesmo efeito no início do dia para ele, tal como ele tinha em mim? Provavelmente não... Para mim, das duas uma: os homens ou pensam em sexo ou não pensam em nada.
Segurando no pulso dele, coloquei a mão dele sobre o meu rabo. Um sorriso apareceu no canto da boca do meu namorado.
- Bom dia, pequena!
Deu-me um beijo no canto da boca e, de repente, só sinto uma palmada firme numa das minhas nádegas. Com o susto, assustei-me, mandando um salto. No entanto, um pequeno gemido baixinho acabou por escapar da minha boca... Ele sabia que apesar de ter doído um pouco, seria uma ligeira dor prazerosa para mim.
- Hmm, tu gostaste, princesa... - murmurou de sorriso nos lábios.
- Isso dói, grandalhão - disse eu de beicinho, tipo menina pequena.
O Pedro encostou o seu corpo ao balcão da cozinha e colocou-me entre as suas pernas. Desculpou-se com sussurros no meu ouvido, passou o nariz do meu rosto para o meu pescoço, onde cheirou o meu perfume e deixou um pequeno beijo. Ao mesmo tempo ia acariciando a zona onde me tinha batido, zona que ainda estava ligeiramente dolorida, para logo de seguida me mandar uma palmada na outra nádega.
Apanhada de surpresa, saltei para a frente, colando os nossos corpos. Com a palmada e toda aquela aproximação, senti todo o corpo do meu namorado e o quão excitado ele estava com toda aquela brincadeira... De novo...
- Para, Pedro! - gemi.
- Também estás a ficar excitada, pequena? - perguntou ao meu ouvido.
- Para, isso dói... - murmurei, apesar de continuar a esfregar o meu corpo no dele.
Esta manhã, como em tantas outras, eu tinha sido acordada com beijinhos e carinhos. Fizemos amor e tomamos banho juntos. Mas, mesmo assim, ele já estava pronto para mais. E eu também... O vício que temos um pelo outro é enorme.
- Céus, Inês, tu vais acabar comigo...
Ele é perfeito, tem um corpo que faz qualquer uma delirar e um cheiro hipnotizante. E, ao que parece, eu, de alguma forma, consigo perturbar este "deus do sexo e de todas as loucuras femininas".
Coloquei os meus braços envolvendo o pescoço dele e informei:
- Temos de ir trabalhar, amor.
Como resposta, pegou-me ao colo e esfregou-me no seu colo, afirmando:
- Logo, vamos jantar fora e depois ficas no meu apartamento. Esta noite somos só nós os dois...
Com aquela promessa, eu beijei-o, devorei-o com a boca, ataquei-o com vontade. Ele, por sua vez, segurou-me a cabeça e pôs-me no ângulo que queria, beijando-me de uma forma muito mais intensa. Rapidamente, eu já estava "on fire". Ele mantinha-me na posição que queria e ia-me mordiscando o lábio inferior entre beijos. O gosto dele misturado com um ligeiro sabor a café, deixava-me inebriados. Nas pontas dos meus pés, puxei-o mais e mais para mim... Nós estávamos colados o máximo que podíamos, mas parecia que ainda sentia uma distância grande entre nós... Eu queria mais e ele também...
- Uau! - exclamou o meu primo ao deparar-se com aquela pequena "cena" - Não se esqueçam que isto é uma cozinha e não estão sozinhos...
O meu primo acabou com o feitiço sexual que eu me tinha visto envolvida, claro que a pequena deusa que vive no interior de mim estava a fazer aquele olhar matador ao Francisco, todavia eu sorri e tentei afastar-me do meu namorado. Algo que ele não permitiu, apenas parou o beijo, acariciou a minha bochecha, beijou o topo da minha cabeça e deu o café que ele tinha preparado para mim...
- Bom dia, Francisco! Vamos embora? - falou o Pedro.
- É melhor, antes que cheguemos atrasados...

O dia de trabalho chegou ao fim e, depois da atuação na rua com o meu grupinho, arranjei-me em casa para ir jantar fora com o bebé.

@inescorreia: Pronta, siga caminho!

O jantar seria num restaurante com um aspeto bastante chique, mas não demasiado. Estávamos sentados numa mesa um bocadinho mais reservada das outras, assim podíamos estar mais à vontade... Notei o Pedro estranho, diferente, talvez nervoso? Não sei, mas a curiosidade e preocupação era bem grande. Conversa puxa conversa e veio-me um assunto à cabeça, algo que eu nunca lhe tinha contado e tinha receio da reação dele...
- Pedro, acho que está na altura de eu te contar uma coisa... - falei reticente.
- Sim, sou todo ouvidos... - disse segurando na minha mão.
Ele percebeu que era algo um pouco delicado, mas incentivou-me como só ele sabe.
- Lembraste de uma fã que te mandava bastantes fotos com mensagens? Uma rapariga que desenhava bastante... - comecei, com esperança que ele associasse rapidamente as coisas.
- Sim, eu tinha uma fã que desenhava muitíssimo bem, uma verdadeira artista, e era um doce, muito querida e simpática... Apesar de eu nunca ter estado com ela... - comentou.
- Como é que ela se chamava?
- Ela assinava sempre "Nenê", deduzo que se chame Inês, como tu... Ela já não dá sinais de vida à umas semaninhas valentes... - de repente parou o raciocínio e ficou muito sério a olhar para mim - Onde é que queres chegar com esta conversa?
- Pedro, não duvides o que eu sinto por ti... Isto nada tem haver com a nossa relação... Promete-me que não te esqueces que eu te amo! - pedi cheia de medo do que poderia acontecer...
- Inês, conta-me o que é que se passa... - suplicou.
- Eu conheço a Nenê e tu também...
- Como? Eu não acredito! Diz-me que tu não me escondeste isto... - pediu irritado.
- Eu posso explicar...
- Pequena, porque é que me escondeste isso? - perguntou perdido.
- Quando te vi entrar pela primeira vez no meu quarto de hospital, achei que me fosses reconhecer. Eu sei, sou uma idiota e como que fiquei magoada contigo por causa disso... O que sinto e senti ao estar contigo e conhecer-te melhor, nada tem haver com o facto de eu ser tua fã. Os rapazes pediram para eu te contar, mas eu não quis, queria que tudo acontecesse naturalmente, não por causa da Nenê. Eles não compreenderam muito bem a minha decisão, mas respeitaram-na e prometeram não se meter no assunto... E pronto, confesso que nunca mais me lembrei deste pequeno segredo que eu mantinha... - falei tudo sempre a olhar para as minhas mãos, que estavam no meu colo. E pequenas lágrimas teimosas rolaram pela minha face.
- Meu amor, não chores... Estou tão feliz que me tenhas contado isso... Sinceramente, é tão bom saber que tu és a minha Nenê, a minha fã... Juro-te, tu és o meu maior orgulho! Eu sem ti já não consigo viver... - confessou com um enorme sorriso no rosto.
- Não é boa esta sensação? - perguntei, também eu radiante.
- Qual?
- A sensação de já não termos grandes segredos entre nós...
- Pois, sim...
Resposta confiante? Não foi. Resposta que eu estava à espera? Também não. Algo se passava, talvez ele também tivesse um segredo... Espero que ele me conte, mesmo sem eu o pressionar.
Para sobremesa e para comemorar a nossa felicidade, comemos juntinhos um doce. Mentalmente pensei "Um dia não são dias", mas a minha deusa interior estava sentada numa cadeira com um tablet na mão, a olhar-me por cima dos óculos com um olhar de escárnio, tal e qual como um psicólogo e isso fez-me sentir um pouco mal comigo própria.
Notei que o Pedro não deixou passar em branco o nosso jantar nas redes sociais...

@pedrorebocho23: Jantar fora com o meu amor <3
Porque nós também merecemos uma noite só nossa e com direito a tudo...

Saímos do elevador do prédio dele agarradinhos. Ele mandou-me esperar um pouco à porta, enquanto ele ia lá dentro fazer algo... Uns dois minutos depois, eu entro às escuras à procura dele e deparo-me com uma surpresa inacreditável de alguém que se intitula por "Senhor Eu Não Sei Ser Romântico"...



Oi, pessoas! Aqui fica mais um capítulo.
Espero que gostem e que comentem :)
Beijinhos,
Rita Bonito